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16 de fev. de 2015

Por amor ao livro

São poucas as vezes que temos um sensação tão ímpar, verdadeira e prazerosa; vejo principalmente pela minha ótica, quando toco, cheiro, ao abrir um pacote, folhear as primeiras páginas. São momentos como esse que vale, e muito, amar os livros. Não apenas pelo ato de tê-los, mas de absorver o melhor que ele pode oferecer.
Na minha experiência de hoje, 16/02, ter em mãos uma obra tão desejada, esperada e querida, renovou o desejo de continuar a construir o melhor de uma biblioteca particular, algo que não satisfaça o meu ego, mas da preservação de um tesouro no qual o dinheiro não pode, jamais, equiparar, novamente, pela minha forma de valorizar as coisas.
Por isso, preservar um livro é um dever de todos, mesmo com a possível e atual condição de substituição para os e-books (lembrando que também acho uma realidade louvável), mas há como deixar de lado aquela sensação de ter em mãos um livro?

24 de fev. de 2014

Retorno com um desabafo - uma forma de expressar meus maiores temores


Não sei bem como chamaria isso que escreverei, mas uma certeza, é o que eu penso, e por estar ciente das minhas faculdades mentais, creio que não posso me limitar a falar de forma velada uma realidade que me atormenta e que no fim das contas realmente não se pode ficar como segredo.
Desde que optei por ser professor, tarefa árdua, pouco valorizada, mas que ao mesmo tempo necessária e essencial na formação do indivíduo, venho enfrentando obstáculos variados, desde o sistema que oprime a independência do professor, até mesmo a ignorância de muitos que ainda não perceberam que a mudança é mais que importante na formação do real cidadão. Pois cidadania não se faz da noite para o dia, mas uma obra em conjunto, mas a triste realidade é que parece que a classe docente está rejeitando sistematicamente o seu papel de formadores de indivíduos aptos para exercer seu papel de cidadão e ator principal da sua vida. 
Minha mãe, minha inspiração diária, me mostrou o valor do professor, pois ela foi um dos meus melhores e maiores exemplos, sei que nunca chegarei ao patamar que ela alcançou, mas quero encontrar o meu caminho, fazer a diferença, tal como ela sempre demonstrou no seu dia a dia, mesmo que hoje essa homenagem esteja ameaçada não quero desistir. Não posso pensar que os alunos que convivo diariamente não podem ser diferentes, sair de uma zona de conforto que os tornam incapazes de mudar sua própria realidade, de crescer, melhorar a sua forma de ver e sentir o mundo, não apenas de uma perspectiva financeira, mas de pessoa, de cidadão, de ser ator da sua realidade. 
Não quero entrar numa sala de aula sabendo que encontrarei mais obstáculos que apoio, por mais que as dificuldades são normais, elas não devem seguir um contexto da normalidade, aceitar um modus operandi de continuísmo, de pequenez, não fui ensinado pela minha mãe para ser pequeno, mas engrandecer em tudo que estiver ao meu alcance, mantendo a humildade e a serenidade, sei dos meus defeitos e qualidades, porém conheço muito bem quando não se pode mais enfrentar um problema sozinho e de mãos atadas. 
Estou cercado por pessoas maravilhosas, que acreditam num mundo melhor, mas ainda que muitas vezes esteja no plano das ideias, sair da zona de conforto é essencial, e aos meus colegas de profissão, sei que é complicado, não é um exercício fácil. Porém, que façamos a mudança em nós também, não quero perder a crença que minha amada mãe tinha na educação, e de tudo que aprendi com ela, a maior certeza é que desistir não é a melhor solução, mas é continuar com a cabeça e erguida, respirar fundo e enfrentar os problemas vindouros com fé e força.

7 de out. de 2011

Steve Jobs - A lenda




Por Walter Isaacson

A saga de Steve Jobs é o mito de criação da revolução digital em grande escala: o início de um negócio na garagem de seus pais e sua transformação na empresa mais valiosa do mundo. Embora não tenha inventado muitas coisas de cabo a rabo, Jobs era um mestre em combinar ideias, arte e tecnologia de uma maneira que por várias vezes inventou o futuro. Ele projetou o Mac depois de apreciar o poder das interfaces gráficas de uma forma que a Xerox não foi capaz de fazer, e criou o iPod depois de compreender a alegria de ter mil músicas em seu bolso de uma forma que a Sony, que tinha todos os ativos e a herança, jamais conseguiu fazer. Alguns líderes promovem inovações porque têm uma boa visão de conjunto. Outros o fazem dominando os detalhes. Jobs fez ambas as coisas, incansavelmente.
Em consequência, revolucionou seis indústrias: computadores pessoais, filmes de animação, música, telefones, tablets e publicação digital. Pode-se até adicionar uma sétima: lojas de varejo, que Jobs não chegou a revolucionar, mas repensou. Ao longo do caminho, ele não só produziu produtos transformadores, mas também, em sua segunda tentativa, uma empresa duradoura, dotada de seu DNA, que está cheia de designers criativos e engenheiros ousados que podem levar adiante sua visão.

Jobs tornou-se assim o maior executivo de nossa época, aquele que com maior certeza será lembrado daqui a um século. A história vai colocá-lo no panteão, bem ao lado de Edison e Ford. Mais do que ninguém de seu tempo, ele fez produtos que eram completamente inovadores, combinando o poder da poesia com processadores. Com uma ferocidade que poderia tornar o trabalho com ele tão perturbador quanto inspirador, também construiu o que se tornou, ao menos por um período do mês passado, a empresa mais valiosa do mundo. E foi capaz de infundir nela a sensibilidade para o design, o perfeccionismo e a imaginação que fizeram da Apple, com toda probabilidade, mesmo em décadas futuras, a empresa que melhor prospera na intersecção entre arte e tecnologia.

No início do verão de 2004, recebi um telefonema de Jobs. Ele havia sido intermitentemente amigável comigo ao longo dos anos, com rajadas ocasionais de intensidade, em especial quando lançava um novo produto que queria na capa da Time ou em programa da CNN, lugares em que eu trabalhava. Mas agora que eu não estava mais em nenhum desses lugares, não tinha notícias frequentes dele. Conversamos um pouco sobre o Instituto Aspen, para o qual eu havia recentemente entrado, e o convidei para falar no nosso campus de verão no Colorado. Ele disse que ficaria feliz de ir, mas não para estar no palco. Na verdade, queria dar uma caminhada comigo para que pudéssemos conversar.

Isso me pareceu um pouco estranho. Eu ainda não sabia que dar uma longa caminhada era a sua forma preferida de ter uma conversa séria. No fim das contas, ele queria que eu escrevesse sua biografia. Eu havia publicado recentemente uma de Benjamin Franklin e estava escrevendo outra sobre Albert Einstein, e minha reação inicial foi perguntar, meio de brincadeira, se ele se considerava o sucessor natural naquela sequência. Supondo que ele estava no meio de uma carreira oscilante, que ainda tinha muitos altos e baixos pela frente, eu hesitei. Não agora, eu disse. Talvez em uma década ou duas, quando você se aposentar.
Mas depois me dei conta de que ele havia me chamado logo antes de ser operado de câncer pela primeira vez. Enquanto eu o observava lutar contra a doença, com uma intensidade incrível, combinada com um espantoso romantismo emocional, passei a achá-lo profundamente atraente, e percebi quão profundamente sua personalidade estava entranhada nos produtos que ele criava. Suas paixões, o perfeccionismo, os demônios, os desejos, o talento artístico, o talento diabólico e a obsessão pelo controle estavam integralmente ligados a sua abordagem do negócio, e decidi então tentar escrever sua história como estudo de caso de criatividade.
A teoria do campo unificado que une a personalidade de Jobs e os produtos começa com sua característica mais saliente, a intensidade. Ela era evidente já nos tempos de escola secundária. Naquela época, ele já começara com as experiências que faria ao longo de toda a sua vida com dietas compulsivas - em geral, somente de frutas e legumes - de tal modo que era tão magro e firme quanto um whippet. Ele aprendeu a olhar fixo para as pessoas e aperfeiçoou longos silêncios pontuados por rajadas em staccato de fala rápida.

Essa intensidade estimulou uma visão binária do mundo. Os colegas se referiam à dicotomia herói/cabeça de bagre; você era um ou o outro, às vezes no mesmo dia. O mesmo valia para produtos, ideias, até para a comida: As coisas ou eram "a melhor coisa do mundo" ou uma droga. Era capaz de provar dois abacates, indistinguíveis para os mortais comuns, e declarar que um deles era o melhor já colhido e o outro, intragável.

Julgava-se um artista, o que incutiu nele a paixão por design. No início da década de 1980, quando estava construindo o primeiro Macintosh, não parava de exigir que o projeto fosse mais "amigável", um conceito estranho aos engenheiros de hardware da época. Sua solução foi fazer o Mac evocar um rosto humano, e chegou a manter a faixa acima da tela fina para que não fosse uma cara de Neanderthal.
Jobs compreendia intuitivamente os sinais que um projeto adequado emite. Quando ele e seu companheiro de projeto Jony Ive construíram o primeiro iMac, em 1998, Ive decidiu que o aparelho deveria ter uma alça situada na parte superior. Era uma coisa mais brincalhona e semiótica do que funcional. Tratava-se de um computador de mesa. Não muitas pessoas iriam carregá-lo para cima e para baixo. Mas a alça emitia um sinal de que você não precisava ter medo da máquina, que podia tocá-la e ela lhe obedeceria. Os engenheiros objetaram que aquilo aumentaria o custo, mas Jobs ordenou que fizessem daquele jeito.
Sua busca pela perfeição levou à compulsão de que a Apple tivesse um controle de ponta a ponta de todos os seus produtos. A maioria dos hackers e aficionados gostava de personalizar, modificar e conectar coisas diferentes em seus computadores. Para Jobs, tratava-se de uma ameaça para uma experiência de usuário inconsútil de ponta a ponta. Seu parceiro inicial Steve Wozniak, um hacker nato, discordava. Ele queria incluir oito slots no Apple II para que os usuários pudessem inserir as placas de circuito menores e os periféricos que quisessem. Jobs concordou com relutância. Mas, alguns anos mais tarde, quando construiu o Macintosh, ele o fez à sua maneira. Não havia slots extras ou portas, e chegou mesmo a usar parafusos especiais para que os aficionados não pudessem abri-lo e modificá-lo.
Seu instinto de controle significava que ele tinha urticária, ou algo pior, ao contemplar o excelente software da Apple rodando em hardwares ruins de outras empresas, e também era alérgico à ideia de aplicativos ou conteúdos não aprovados poluindo a perfeição de um dispositivo da Apple. Essa capacidade de integrar hardware, software e conteúdo em um sistema unificado lhe possibilitava impor a simplicidade. O astrônomo Johannes Kepler, declarou que "a natureza ama a simplicidade e a unidade". O mesmo acontecia com Steve Jobs.
Isso o levou a decretar que o sistema operacional do Macintosh não estaria disponível para o hardware de qualquer outra empresa. A Microsoft seguiu a estratégia oposta, permitindo que seu sistema operacional Windows fosse promiscuamente licenciado. Isso não produziu os computadores mais elegantes, mas levou a Microsoft a dominar o mundo dos sistemas operacionais. Depois que a fatia de mercado da Apple caiu para menos de 5%, a estratégia da Microsoft foi declarada vencedora no reino do computador pessoal.

A longo prazo, no entanto, o modelo de Jobs mostrou ter algumas vantagens. Sua insistência na integração de ponta a ponta deu à Apple, no início do século XXI, uma vantagem no desenvolvimento de uma estratégia de hub digital, o que permitiu que seu computador de mesa se ligasse perfeitamente a uma variedade de dispositivos portáteis e gerenciasse seu conteúdo digital. O iPod, por exemplo, fazia parte de um sistema fechado e totalmente integrado. Para usá-lo, era preciso utilizar o software iTunes da Apple e baixar conteúdos da iTunes Store. Em consequência, o iPod, tal como o iPhone e o iPad que vieram depois, eram um deleite elegante, em contraste com os canhestros produtos rivais que não ofereciam uma experiência perfeita de ponta a ponta.
Para Jobs, a crença em uma abordagem integrada era uma questão de retidão. "Não fazemos essas coisas porque somos malucos por controle", explicou. "Nós as fazemos porque queremos fazer grandes produtos, porque nos preocupamos com o usuário e porque gostamos de assumir a responsabilidade por toda a experiência, ao invés fabricar a porcaria que outros fazem." Ele também acreditava que estava prestando um serviço às pessoas. "Elas estão ocupadas fazendo o que sabem fazer melhor e querem que façamos o que fazemos melhor. Suas vidas estão ocupadíssimas; elas têm mais coisas a fazer do que pensar em como integrar seus computadores e dispositivos.".
Em um mundo cheio de dispositivos inúteis, software pesados, mensagens de erro inescrutáveis e interfaces irritantes, a insistência de Jobs em uma abordagem integrada levou à criação de produtos surpreendentes, caracterizados por uma experiência de usuário deliciosa. Usar um produto da Apple podia ser tão sublime quanto caminhar em um dos jardins zen de Quioto que Jobs amava, e nenhuma dessas experiências foi criada pela adoração no altar da abertura ou deixando mil flores florescem. Às vezes é bom estar nas mãos de um maníaco por controle.
Há algumas semanas, visitei Jobs pela última vez em sua casa de Palo Alto. Ele se mudara para um quarto no andar de baixo, porque estava fraco demais para subir e descer escadas, e estava encolhido com um pouco de dor, mas sua mente ainda estava afiada e seu humor vibrante. Conversamos sobre sua infância, e ele me deu algumas fotos de seu pai e da família para usar em minha biografia. Como escritor, estou acostumado a manter distanciamento, mas fui atingido por uma onda de tristeza quando tentei dizer adeus. A fim de disfarçar minha emoção, fiz a pergunta que ainda me deixava perplexo. Por que ele se mostrara tão disposto, durante quase cinquenta entrevistas e conversas ao longo de dois anos, a se abrir tanto para um livro, quando costumava ser geralmente tão discreto? "Eu queria que meus filhos me conhecessem", disse ele. "Eu nem sempre estava presente, e queria que eles soubessem o porquê disso e entendessem o que fiz."

19 de mai. de 2011

Livro de Quinta (de volta) - Paul Hoffman - A Mão Esquerda de Deus

"Preste atenção. O Santuário dos Redentores no Penhasco de Shotover deve seu nome a uma grande mentira, pois há pouca redenção naquele lugar e ele tampouco serve de refúgio divino."

Paul Hoffman - A Mão Esquerda de Deus

Sinopse: 

Habitado por meninos que foram levados para lá muito novos e geralmente contra a sua vontade, o Santuário dos Redentores é uma mistura de prisão, monastério e campo de treinamento militar. Lá, esses milhares de garotos são submetidos a uma sádica preparação para lutar contra hereges que vivem nas redondezas. A intenção dos Lordes Opressores, os monges que protegem o lugar, é fortalecer os internos tanto física quanto emocionalmente, preparando-os para uma monstruosa guerra entre o bem e o mal. Entre os jovens está Thomas Cale, um garoto que tem uma capacidade incomum de matar pessoas e organizar estratégias de combate. Essas poderosas habilidades serão colocadas à prova quando ele e dois amigos testemunham um brutal assassinato entre os corredores labirínticos da prisão. A visão do crime dá início a uma perseguição desesperadora e, finalmente fora dos muros do monastério, Cale irá compreender a extensão da crueldade dos lordes e a verdadeira origem de seu poder.

30 de mar. de 2011

Para historiador, só os japoneses vão se lembrar do terremoto

Muitas vezes a memória ficará com aqueles que realmente sofreram...

Redação Super 22 de março de 2011
Por Felipe van Deursen





Por mais chocantes que sejam as cenas de desastre e horror que vemos desde sexta-feira passada, o terremoto de 9 graus de magnitude que assolou o Japão não ficará muito tempo na memória das pessoas. É o que afirma o historiador britânico Edward Paice, autor do livro A Ira de Deus, sobre o terremoto que destruiu Lisboa em 1755.

Apesar do maremoto, do número de mortos que já passa dos 9 mil, da crise nuclear, dos prejuízos colossais ao país, Paice afirma que a humanidade tende a esquecer rapidamente grandes tragédias. Um exemplo, segundo o historiador, é a Caxemira, região entre Índia e Paquistão que sofreu um terremoto há menos de seis anos e teve cerca de 10 vezes mais mortos.

Em seu livro, Paice defende a ideia que o terremoto de Lisboa teve impactos diretos na sociedade ocidental. Teólogos e filósofos se viram confrontados com a brutal realidade de uma cidade próspera e opulenta reduzida a um cenário destruído por cinco grandes temores (o maior beirando os 9 graus de magnitude), um tsunami que sacudiu todo o Atlântico e um incêndio de uma semana que deixaram cerca de 40 mil mortos. Estava difícil acreditar em Deus. Era difícil enxergar o lado cheio do copo. Tanto que Voltaire se baseou no terremoto para atacar a filosofia hegemônica da época, chamada de otimismo. “Foi o prenúncio do Iluminismo”, afirma Paice.

Leia a entrevista com o historiador abaixo:

Certo, a gente sabe que há um espaço de 366 anos com grandes diferenças tecnológicas, científicas, religiosas e filosóficas entre o grande terremoto de Lisboa de 1755 e este do Japão. Mas podemos criar um paralelo entre eles?
É impressionante que a experiência das vítimas não foi diferente, seja em 2011 ou em 1755. E os terremotos têm vários pontos em comum. Ambos foram submarinos, de magnitudes e intensidades semelhantes. Os dois geraram teletsunamis, que são maremotos cujas ondas viajam mais de 1000 quilômetros. No mais, os terremotos atingiram potências globais de suas épocas, gerando uma preocupação, até mesmo um pânico, nos mercados financeiros.

O sr. afirma no livro que o terremoto de Portugal mudou a História, especialmente a do país e a de suas colônias. Ele também influenciou a filosofia e a teologia. Baseado na experiência portuguesa, o que se pode esperar das consequências do pior terremoto em uma nação acostumada a esse tipo de desastre?
Nenhum terremoto moderno pode alterar a filosofia e o pensamento humano como o de Lisboa pôde. Sob esse aspecto, o terremoto de 1755 é único na história dos desastres. Mas o terremoto de 1995 em Kobe, por exemplo, mostrou que os japoneses são capazes de se recuperar rapidamente (mesmo que a economia do país nunca mais tenha sido a mesma depois disso – o que também aconteceu com Lisboa).

Portugal, um dos países mais poderosos da época, enfrentava uma recessão econômica em 1755. Dependia bastante dos investimentos ingleses e tinha que lidar com o esvaziamento do ouro brasileiro. Hoje, o Japão, que há pouco perdeu o posto de segundo maior PIB do mundo para a China, também vive recessão e agora tem que lidar com o que já é apontado como a mais cara tragédia natural da história, com prejuízos que já teriam chegado a US$ 200 bilhões. Que lições o país pode tirar do terremoto português?
A consequência do terremoto apresenta desafios enormes, mas eles serão superados. Muitos japoneses têm a esperança que o desastre chacoalhe os líderes políticos, vistos por muitos como egoístas e limitados. Assim como Lisboa em 1755, que proporcionou ao futuro Marquês de Pombal [que conduziu a reconstrução da cidade] uma oportunidade de dar um silencioso golpe palaciano, o Japão precisa desesperadamente de liderança para ter uma recuperação rápida e organizada.

Como o senhor acha que o terremoto no Japão será lembrado no futuro?
Em 20 anos, não acho que o terremoto japonês será lembrado pelas pessoas comuns de fora do país. [O terremoto de] Kobe é pouco conhecido hoje em dia. Do de 2005 na Caxemira [onde cerca de 80 mil morreram] ninguém se lembra. Poucos europeus fora de Portugal sequer ouviram falar do terremoto de 1755. Talvez seja um sinal da humanidade, que nós rapidamente esquecemos algumas coisas.

Pode-se dizer que, dadas suas consequências na História, o terremoto de Lisboa foi o mais importante de todos os tempos?
Eu realmente acredito que de todos os desastres naturais da História, Lisboa é um dos poucos que tiveram um longo alcance, gerando consequências bem longe das fronteiras de Portugal. Isso porque foi o catalisador do pensamento ocidental. Foi o prenúncio do Iluminismo.

Fonte: Super.abril

26 de mar. de 2011

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24 de mar. de 2011

Livro de Quinta: Dos delitos e das penas - Cesare Beccaria

Hoje vou de livros que envolvem meu novo curso, um clássico do Direito: 
DOS DELITOS E DAS PENAS

Dos Delitos e das Penas - Beccaria


Sinopse: Na baixa Idade Média, o trabalho Dei Delitti e delle Pene deve ser tomado como um manifesto de Cesare Beccaria contra a arbitrariedade praticada pelos governantes no tocante a criação dos tipos penais e das penas, as variações das espécies de pena, bem como aos excessos verificados na sua execução. Em sua obra, as funções da pena foram devidamente debatidas, ficando para trás a pena com a significação de castigo ou de vingança; assumindo um caráter retributivo, tendo como finalidade a reeducação do infrator. Beccaria foi um dos primeiros juristas a se voltar contra a pena de morte. Além disso, muitos princípios gerais do Direito Penal foram debatidos, como o da legalidade, do princípio do devido processo legal, da individualização da pena, da tipicidade, da impossibilidade da pena de morte etc. Influenciou pensadores em todas as regiões do mundo, bastando detalhar que: na Alemanha, suas idéias atuaram sobre Feuerbach e Mezger; na Itália, foram seus seguidores Carmignani, Rossi, Filangieri e Muratori; em Portugal, Luís A. Verney. Apesar de muitos quererem atualizar as lições de Beccaria, elas sempre se mostraram condizentes com a realidade de estados contrários à civilidade ou apegados ao radicalismo filosófico, religioso, artístico... A tendência da obra de Beccaria indica que ele funcionou como precursor da Escola Clássica Penal na era do contratualismo, não podendo ser desvinculado da corrente filosófico-humanitária da segunda metade do século XVIII, no chamado liberalismo igualitário, iluminismo ou renascimento, isso ao lado de Voltaire, Rousseau, Montesquieu, Bacon e Maquiavel. Em linhas gerais, vale acusar sua perpétua lição anunciando que a crueldade das penas não poderia, jamais, ser tomada como um meio para frear a prática dos delitos, já que iria falir diante de tantas impossibilidades e se apresentar como insuficiente. Obra de imprescindível leitura entre os profissionais e estudantes do direito, especialmente, no momento em que se discute o endurecimento ou o abrandamento das penas, embora muitos não tenham clareza de suas reais funções.

17 de mar. de 2011

A relação tecnologia e livro: Livro é eterno! Papo com Umberto Eco

"Eletrônicos duram 10 anos; livros, 5 séculos" (Umberto Eco)

Ensaísta e escritor italiano fala em entrevista exclusiva de seu novo trabalho, ‘Não Contem com o Fim do Livro’
MILÃO – O bom humor parece ser a principal característica do semiólogo, ensaísta e escritor italiano Umberto Eco. Se não, é a mais evidente. Ao pasmado visitante, boquiaberto diante de sua coleção de 30 mil volumes guardados em seu escritório/residência em Milão, ele tem duas respostas prontas quando é indagado se leu toda aquela vastidão de papel. “Não. Esses livros são apenas os que devo ler na semana que vem. Os que já li estão na universidade” – é a sua preferida. “Não li nenhum”, começa a segunda. “Se não, por que os guardaria?”
Na verdade, a coleção é maior, beira os 50 mil volumes, pois os demais estão em outra casa, no interior da Itália. E é justamente tal paixão pela obra em papel que convenceu Eco a aceitar o convite de um colega francês, Jean-Phillippe de Tonac, para, ao lado de outro incorrigível bibliófilo, o escritor e roteirista Jean-Claude Carrière, discutir a perenidade do livro tradicional. Foram esses encontros (“muito informais, à beira da piscina e regados com bons uísques”, informa Umberto Eco) que resultaram em Não Contem Com o Fim do Livro, que a editora Record lança na segunda quinzena de abril.
A conclusão é óbvia: tal qual a roda, o livro é uma invenção consolidada, a ponto de as revoluções tecnológicas, anunciadas ou temidas, não terem como detê-lo. Qualquer dúvida é sanada ao se visitar o recanto milanês de Eco, como fez o Estado na última quarta-feira. Localizado diante do Castelo Sforzesco, o apartamento – naquele dia soprado por temperaturas baixíssimas, a neve pesada insistindo em embranquecer a formidável paisagem que se avista de sua sacada – encontra-se em um andar onde antes fora um pequeno hotel. “Se eram pouco funcionais para os hóspedes, os longos corredores são ótimos para mim pois estendo aí minhas estantes”, comenta o escritor, com indisfarçável prazer, ao apontar uma linha reta de prateleiras repletas que não parecem ter fim. Os antigos quartos? Transformaram-se em escritórios, dormitórios, sala de jantar, etc. O mais desejado, no entanto, é fechado a chave, climatizado e com uma janela que veda a luz solar: lá estão as raridades, obras produzidas há séculos, verdadeiros tesouros. Isso mesmo: tesouros de papel.
Conhecido tanto pela obra acadêmica (é professor aposentado de semiótica, mas ainda permanece na ativa na Faculdade de Bolonha) como pelos romances (O Nome da Rosa, publicado em 1980, tornou-se um best-seller mundial), Eco é um colecionador nato; além de livros, gosta também de selos, cartões-postais, rolhas de champanhe. Na sala de seu apartamento, estantes de vidro expõem tantos os livros raros – que, no momento, lideram sua preferência – como conchas, pedras, pedaços de madeira. As paredes expõem quadros que Eco arrematou nas visitas que fez a vários países ou que simplesmente ganhou de amigos – caso de Mário Schenberg (1914-1990), físico, político e crítico de arte brasileiro, de quem o escritor guarda as melhores recordações.
Aos 78 anos, Eco – que tem relançado no País Arte e Beleza na Estética Medieval (Record, 368 págs., R$ 47,90, tradução de Mario Sabino) – exibe uma impressionante vitalidade. Diverte-se com todo tipo de cinema (ao lado de seu aparelho de DVD repousa uma cópia da animação Ratatouille), mantém contato com seus alunos em Bolonha, escreve artigos para jornais e revistas e aceita convites para organizar exposições, como a que o transformou, no ano passado, em curador, no Museu do Louvre, em Paris. Lá, o autor teve o privilégio de passear sozinho pelos corredores do antigo palácio real francês nos dias em que o museu está fechado. E, como um moleque levado, aproveitou para alisar o bumbum da Vênus de Milo. Foi com esse mesmo espírito bem-humorado que Eco – envergando um elegante terno azul-marinho, que uma revolta gravata da mesma cor tratava de desalinhar; o rosto sem a característica barba grisalha (raspada religiosamente a cada 20 anos e, da última vez, em 2009, também porque o resistente bigode preto o fazia parecer Gengis Khan nas fotos) – conversou com a reportagem do Sabático.

O livro não está condenado, como apregoam os adoradores das novas tecnologias?
O desaparecimento do livro é uma obsessão de jornalistas, que me perguntam isso há 15 anos. Mesmo eu tendo escrito um artigo sobre o tema, continua o questionamento. O livro, para mim, é como uma colher, um machado, uma tesoura, esse tipo de objeto que, uma vez inventado, não muda jamais. Continua o mesmo e é difícil de ser substituído. O livro ainda é o meio mais fácil de transportar informação. Os eletrônicos chegaram, mas percebemos que sua vida útil não passa de dez anos. Afinal, ciência significa fazer novas experiências. Assim, quem poderia afirmar, anos atrás, que não teríamos hoje computadores capazes de ler os antigos disquetes? E que, ao contrário, temos livros que sobrevivem há mais de cinco séculos? Conversei recentemente com o diretor da Biblioteca Nacional de Paris, que me disse ter escaneado praticamente todo o seu acervo, mas manteve o original em papel, como medida de segurança.

Qual a diferença entre o conteúdo disponível na internet e o de uma enorme biblioteca?
A diferença básica é que uma biblioteca é como a memória humana, cuja função não é apenas a de conservar, mas também a de filtrar – muito embora Jorge Luis Borges, em seu livro Ficções, tenha criado um personagem, Funes, cuja capacidade de memória era infinita. Já a internet é como esse personagem do escritor argentino, incapaz de selecionar o que interessa – é possível encontrar lá tanto a Bíblia como Mein Kampf, de Hitler. Esse é o problema básico da internet: depende da capacidade de quem a consulta. Sou capaz de distinguir os sites confiáveis de filosofia, mas não os de física. Imagine então um estudante fazendo uma pesquisa sobre a 2.ª Guerra Mundial: será ele capaz de escolher o site correto? É trágico, um problema para o futuro, pois não existe ainda uma ciência para resolver isso. Depende apenas da vivência pessoal. Esse será o problema crucial da educação nos próximos anos.

Não é possível prever o futuro da internet?
Não para mim. Quando comecei a usá-la, nos anos 1980, eu era obrigado a colocar disquetes, rodar programas. Hoje, basta apertar um botão. Eu não imaginava isso naquela época. Talvez, no futuro, o homem não precise escrever no computador, apenas falar e seu comando de voz será reconhecido. Ou seja, trocará o teclado pela voz. Mas realmente não sei.

Em um determinado trecho de ‘Não Contem Com o Fim do Livro’, o senhor e Jean-Claude Carrière discutem a função e preservação da memória – que, como se fosse um músculo, precisa ser exercitada para não atrofiar.
De fato, é importantíssimo esse tipo de exercício, pois estamos perdendo a memória histórica. Minha geração sabia tudo sobre o passado. Eu posso detalhar sobre o que se passava na Itália 20 anos antes do meu nascimento. Se você perguntar hoje para um aluno, ele certamente não saberá nada sobre como era o país duas décadas antes de seu nascimento, pois basta dar um clique no computador para obter essa informação. Lembro que, na escola, eu era obrigado a decorar dez versos por dia. Naquele tempo, eu achava uma inutilidade, mas hoje reconheço sua importância. A cultura alfabética cedeu espaço para as fontes visuais, para os computadores que exigem leitura em alta velocidade. Assim, ao mesmo tempo que aprimora uma habilidade, a evolução põe em risco outra, como a memória. Lembro-me de uma maravilhosa história de ficção científica escrita por Isaac Asimov, nos anos 1950. É sobre uma civilização do futuro em que as máquinas fazem tudo, inclusive as mais simples contas de multiplicar. De repente, o mundo entra em guerra, acontece um tremendo blecaute e nenhuma máquina funciona mais. Instala-se o caos até que se descobre um homem do Tennessee que ainda sabe fazer contas de cabeça. Mas, em vez de representar uma salvação, ele se torna uma arma poderosa e é disputado por todos os governos – até ser capturado pelo Pentágono por causa do perigo que representa (risos). Não é maravilhoso?

No livro, o senhor e Carrière comentam sobre como a falta de leitura de alguns líderes influenciou suas errôneas decisões.
Sim, escrevi muito sobre informação cultural, algo que vem marcando a atual cultura americana que parece questionar a validade de se conhecer o passado. Veja um exemplo: se você ler a história sobre as guerras da Rússia contra o Afeganistão no século 19, vai descobrir que já era difícil combater uma civilização que conhece todos os segredos de se esconder nas montanhas. Bem, o presidente George Bush, o pai, provavelmente não leu nenhuma obra dessa natureza antes de iniciar a guerra nos anos 1990. Da mesma forma que Hitler devia desconhecer os relatos de Napoleão sobre a impossibilidade de se viajar para Moscou por terra, vindo da Europa Ocidental, antes da chegada do inverno. Por outro lado, o também presidente americano Roosevelt, durante a 2.ª Guerra, encomendou um detalhado estudo sobre o comportamento dos japoneses para Ruth Benedict, que escreveu um brilhante livro de antropologia cultural, O Crisântemo e a Espada. De uma certa forma, esse livro ajudou os americanos a evitar erros imperdoáveis de conduta com os japoneses, antes e depois da guerra. Conhecer o passado é importante para traçar o futuro.

Diversos historiadores apontam os ataques terroristas contra os americanos em 11 de setembro de 2001 como definidores de um novo curso para a humanidade. O senhor pensa da mesma forma?
Foi algo realmente modificador. Na primeira guerra americana contra o Iraque, sob o governo de Bush pai, havia um confronto direto: a imprensa estava lá e presenciava os combates, as perdas humanas, as conquistas de território. Depois, em setembro de 2001, se percebeu que a guerra perdera a essência de confronto humano direto – o inimigo transformara-se no terrorismo, que podia se personificar em uma nação ou mesmo nos vizinhos do apartamento ao lado. Deixou de ser uma guerra travada por soldados e passou para as mãos dos agentes secretos. Ao mesmo tempo, a guerra globalizou-se; todos podem acompanhá-la pela televisão, pela internet. Há discussões generalizadas sobre o assunto.

Falando agora sobre sua biblioteca, é verdade que ela conta com 50 mil volumes?
Sim, de uma forma geral. Nesse apartamento em Milão, estão apenas 30 mil – o restante está no interior da Itália, onde tenho outra casa. Mas sempre me desfaço de algumas centenas, pois, como disse antes, é preciso fazer uma filtragem.

Por que o senhor impediu sua secretária de catalogá-los?
Porque a forma como você organiza seus livros depende da sua necessidade atual. Tenho um amigo que mantém os seus em ordem alfabética de autores, o que é absolutamente estúpido, pois a obra de um historiador francês vai estar em uma estante e a de outro em um lugar diferente. Eu tenho aqui literatura contemporânea separada por ordem alfabética de países. Já a não contemporânea está dividida por séculos e pelo tipo de arte. Mas, às vezes, um determinado livro pode tanto ser considerado por mim como filosófico ou de estética da arte; depende do motivo da minha pesquisa. Assim, reorganizo minha biblioteca segundo meus critérios e somente eu, e não uma secretária, pode fazer isso. Claro que, com um acervo desse tamanho, não é fácil saber onde está cada livro. Meu método facilita, eu tenho boa memória, mas, se algum idiota da família retira alguma obra de um lugar e a coloca em outro, esse livro está perdido para sempre. É melhor comprar outro exemplar (risos).

Um estudioso que também é seu amigo, Marshall Blonsky, escreveu certa vez que existe de um lado Umberto, o famoso romancista, e de outro Eco, professor de semiótica.
E ambos sou eu (risos). Quando escrevo romances, procuro não pensar em minhas pesquisas acadêmicas – por isso, tiro férias. Mesmo assim, leitores e críticos traçam diversas conexões, o que não discuto. Lembro de que, quando escrevia O Pêndulo de Foucault, fiz diversas pesquisas sobre ciência oculta até que, em um determinado momento, elas atingiram tal envergadura que temi uma teorização exagerada no romance. Então, transformei todo o material em um curso sobre ciência oculta, o que foi muito bem-feito.

Por falar em ‘O Pêndulo de Foucault’, comenta-se que o senhor antecipou em muito tempo O Código de Da Vinci, de Dan Brown.
Quem leu meu livro sabe que é verdade. Mas, enquanto são os meus personagens que levam a sério esse ocultismo barato, Dan Brown é quem leva isso a sério e tenta convencer os leitores de que realmente é um assunto a ser considerado. Ou seja, fez uma bela maquiagem. Fomos apresentados neste ano em uma première do Teatro Scala e ele assim se apresentou: “O senhor não me admira, mas eu gosto de seus livros.” Respondi: Não é que eu não goste de você – afinal, eu criei você (risos).

Em seu mais conhecido romance, O Nome da Rosa, há um momento em que se discute se Jesus chegou a sorrir. É possível pensar em senso de humor quando se trata de Deus?

De acordo com Baudelaire, é o Diabo quem tem mais senso de humor (risos). E, se Deus realmente é bem-humorado, é possível entender por que certos homens poderosos agem de determinada maneira. E se ainda a vida é como uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, como Shakespeare apregoa em Macbeth, é preciso ainda mais senso de humor para entender a trajetória da humanidade.
Como foi a exposição no Museu do Louvre, em Paris, da qual o senhor foi curador, no ano passado?

Há quatro anos, o museu reserva um mês para um convidado (Toni Morrison foi escolhida certa vez) organizar o que bem entender. Então, me convidaram e eu respondi que queria fazer algo sobre listas. “Por quê?”, perguntaram. Ora, sempre usei muitas listas em meus romances – até pensei em escrever um ensaio sobre esse hábito. Bem, quando se fala em listas na cultura, normalmente se pensa em literatura. Mas, como se trata de um museu, decidi elaborar uma lista visual e musical, essa sugerida pela direção do Louvre. Assim, tive o privilégio (que não foi oferecido a Dan Brown) de visitar o museu vazio, às terças-feiras, quando está fechado. E pude tocar a bunda da Vênus de Milo (risos) e admirar a Mona Lisa a apenas 20 centímetros de distância.

O senhor esteve duas vezes no Brasil, em 1966 e 1979. Que recordações guarda dessas visitas?
Muitas. A primeira, em São Paulo, onde dei algumas aulas na Faculdade de Arquitetura (da USP), que originaram o livro A Estrutura Ausente. Já na segunda fui acompanhado da família e viajamos de Manaus a Curitiba. Foi maravilhoso. Lembro-me de meu editor na época pedindo para eu ficar para o carnaval e assistir ao desfile das escolas de samba de camarote, o que não pude atender. E também me recordo de imagens fortes, como a da moça que cai em transe em um terreiro (para o qual fui levado por Mario Schenberg) e que reproduzo em O Pêndulo de Foucault.

Fonte: ebooksgratis.com.br

24 de fev. de 2011

Livro de Quinta - Pedro Paulo Carneiro - Dossiê do Beijo

Para comemorar esse retorno, quero compartilhar este livro com vocês... Em especial aos apaixonados e que gostam de entender melhor sobre a relação a dois nos mínimos detalhes...

Pedro Paulo Carneiro - Dossiê do Beijo                                                                 

Sinopse: Após 13 anos de pesquisa, Pedro Paulo compilou um dossiê com 484 formas de beijar. Neste livro o autor reuniu informações sobre a história do beijo - o beijo no cinema e na tv, curiosidades, depoimentos e dicas de beijos. O livro conta ainda com um caderno de fotos.

Reflexxy agora está ficando sério - Pensamentos


Cotidiano: eu e o mundo – processo reflexivo

Dias atrás uma das minhas aulas ajudou a refletir mais que o normal, quis encontrar respostas para questionamentos nos quais a alienação nos cega e emudece constantemente e no decorrer de tais dúvidas a velha e boa pergunta existencialista: quem sou, quem fui, o que serei, o que somos, por que aceitamos tudo calados, tenho culpa, os outros me culpam demais (tudo tem uma interrogação no final, mas preferi deixar sem mesmo)... Para onde vamos e a crise está em nós e conosco ou apenas aos outros?

A disciplina é Filosofia e Lógica Jurídica na qual ajudou a expandir os pensamentos pelas discussões em sala, mas os questionamentos são antigos, mas mantive em suspenso, talvez por recear não ser competente suficiente para dizer o que penso, por mais simplório que pareça para alguns e até mesmo ridículo, é necessário colocar seus pensamentos para que os outros possa compartilhar, criticar, ajudar a melhorar, ampliar os próprios meios de expressão.

Acredito que por mais que as informações não param de chegar a nós é mais que necessário criar, ficar passivo diante de tudo é deixar que outros decidam por mais, onde quero chegar? Bem, sempre fugi desse tema, se lerem alguns textos anteriores já tinha comentado sobre: Política e sociedade. Essas temáticas se misturam com o dia a dia, a todo instante acontece algo e ficamos calados ou fazemos o que deveríamos desde sempre EXPRESSAR.

Os países árabes que iniciaram o movimento de liberdade é um exemplo importante, ao logo da História desses povos desde o surgimento e unificação sobre a égide islâmica a dominação despótica sempre fora a ordem vigente, nunca se teve um momento realmente democrático, mudavam os reinos, lideranças, formas políticas, mas não a perseguição e supressão dos direitos individuais, porém por que o Ocidente, tão vinculado ao discurso democrático, aceita calado ou omisso lideranças ditatoriais? Antes da democracia existe outro conceito ou modelo que rege a todo instante as relações humanas, vai parecer marxista, comunista, socialista e hipócrita, mas o capitalismo supera e muito todos os outros grandes feitos do homem livre.

Qual a relação da “crise árabe” e o capitalismo?
Todas as relações possíveis, pois foi preciso criar, desenhar e impor determinadas lideranças para que as potências do passado, mas que acreditam ser incontestáveis, pudessem conseguir aquilo que a força não mais seria capaz, ao maquiar o imperialismo com a dita propagação democrática por parte de determinados países foram impostos governos marionetes, talvez você esqueça que isso aconteceu na América, não preciso ir muito longe, o próprio Brasil passou por dois períodos ditatoriais, e o segundo, em especial, terminou com a agitação social? As pessoas acreditam realmente nas Histórias contadas no que dizem os documentos oficiais, sem procurar as verdadeiras respostas é melhor nem continuar a leitura. Exatamente, a sociedade da década de 80 não fez nada que pudesse realmente democratizar o país, foi um apoio importante para acabar com a ditadura, claro, mas por que não tivemos caça as bruxas como eles, os militares, fizeram quando chegaram ao poder? Por que eles não sofreram nenhuma sanção realmente capaz de punir por tal ataque à democracia? E ainda dizem que foi uma revolução democrática (lembrando que é o mesmo discurso da maioria das ditaduras ao redor do mundo).

Brasil e países árabes, cotidiano e eu, política e sociedade, “esse cara está ficando louco ao escrever isso e nos obrigar a ler”, estou falando de tantas coisas, mas a relação existe e se realmente acha que nada faz sentido, pode esperar mais um pouco ou simplesmente parar de ler, somos uma democracia, certo? Errado, somos peças de um tabuleiro e claro que nos impuseram a função de peões, no sentido estrito. Enquanto populações, milenarmente, dominadas por governos autoritários buscam algo tão precioso e que na essência pertence a todos: LIBERDADE, nós brasileiros acreditamos que somos totalmente livres para expressar, para buscar nossos direitos, dizer a todos sobre tudo e muitas vezes isso é interrompido pela própria fragilidade existente dentro de cada um.

Fomos ou somos impelidos, para não dizer coagidos a ficarmos calados, mas creio que existe algo a mais, talvez pela própria impotência crítica, e quando achamos que estamos protestando, exemplo nas eleições a vitória do senhor Francisco Everardo Oliveira Silva (quem ler depois coloca no comentário quem é), nos mostra o quanto precisamos evoluir social e politicamente, somos estúpidos, analfabetos, estou colocando o pronome certo, pois tenho que incluir todos mesmo, pois quando vamos votar cremos que o protesto é colocar determinados candidatos nos quais se caracterizam pelo duvidoso, você dirá: Mas se voto em fulano vai roubar, para protestar vou nesse palhaço mesmo.

Engraçado demais dizer que votar em um palhaço é protesto, no fim das contas palhaço é quem votou no primeiro, sem querer ofender os paulistas, que não devem ser apenas os únicos culpados, como meu professor falara em sala: Cada povo (cidadão) tem um representante que merece. Fato! Agora reclamem, se o ferro fere com ferro será ferido, todos quiseram mostrar que poderiam colocar qualquer um lá e realmente fez isso. O voto é usado como chacota nas eleições, mas durante 4 (quatro) anos o usado somos nós que deixaremos o salário deles aumentarem mais de R$ 10.000 e o mínimo R$ 35 os economistas depois me digam qual a proporção percentual de elevação, não deixando de pensar na carga tributária, estamos pagando taxa sobre taxa e ainda assim queremos protestar elegendo representantes sem o mínimo de reconhecimento público, vê-se o próprio slogan de campanha: “PIOR QUE ESTÁ, NÃO FICA!” Então aguente firme e mantenha sua letargia como sempre, aceitando tudo calado, pois no fim das contas deveria acontecer uma prisão coletiva, já que todos os políticos são corruptos, cada cidadão deveria ser acusado de corrupção passiva. Definição: O Código Penal, em seu artigo 317, define o crime de corrupção passiva como o de "solicitar ou receber, para si ou para outros, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem."

Sei que serei taxado de exagero, mas vale da interpretação da lei, não vou entrar na hermenêutica, na teoria, na jurisprudência, mas que se possa entender o quanto somos responsáveis pelo tipo de administração (executiva, legislativa e judiciária) que temos. Tudo é resultado de um processo guiado pelas lideranças e confirmadas pela passividade popular, não há como negar que nossa parcela de culpa é maior nessa evolução (se é que posso chamar a atual sociedade de evoluída). Como resolver? Iniciar uma Revolução? Que seja, mas que possamos nos tornar atores de tal processo e não espectadores alienados. Um ato revolucionário muitas vezes pode iniciar sem necessidade de violência ou caos.
Mas a atitude em si pode ser definida como revolucionária, estou escrevendo coisas que se passam pela minha cabeça, minha indignação com tudo que está rondando meu viver e eu calado, preso à rotina, aos ditames de uma sociedade corrompida e que corrompe, de que basta manter-me letárgico e passivo sendo que o mundo lá fora está em decadência, não existe crise nos países árabes, na realidade é um tomada de consciência daquele povo diante ao problema institucional e administrativo. A crise de fato está no modelo neoliberal, capitalista, demagógico, dito democrático no qual o BRASIL vive. E somos parte disso, somos culpados por isso, estamos nos condenando por aceitar o que nos impõem, vivemos uma mentira que as televisões, os artistas, os ditos intelectuais de direita, a falaciosa esquerda, a justiça cega e desvairada, a política deturpada e distante. Somos parte de um vazio chamado presente, esperando que o país do futuro seja algum exemplo, mas qual seria? Continua...